No próximo 31 de agosto, Santo Antônio da Patrulha celebra os 265 anos da criação da Capela Curada da Guarda Velha, considerada o marco fundador do município e símbolo de fé, organização comunitária e identidade histórica.

Em 04 de setembro de 1756, o bispo do Rio de Janeiro, dom Frei Antônio do Desterro, expediu portaria incentivando os moradores da região a erguer capelas, garantindo capelães subordinados à paróquia de Viamão.

Sensibilizados pelo apelo, o casal Inácio José de Mendonça e Silva e Margarida da Exaltação da Cruz construiu, por volta de 1759, uma pequena capela dedicada a Santo Antônio. Reconhecendo a iniciativa, em 31 de agosto de 1760, o bispo criou oficialmente a Capela Curada da Guarda Velha de Viamão, nomeando o padre Francisco Coelho de Fraga como primeiro capelão.

A igrejinha, erguida em local onde hoje está a Pira da Pátria, logo se tornou centro espiritual e ponto de encontro dos moradores. Em 08 de outubro de 1763, a Capela foi elevada à condição de Freguesia (Paróquia) de Santo Antônio da Guarda Velha, transformando-se em referência religiosa e social para toda a região.

O padre Francisco, que antes atuava como capelão, assumiu como primeiro pároco, consolidando a nova freguesia. Esse passo foi decisivo para que Santo Antônio da Patrulha se tornasse um dos principais núcleos de povoamento do Rio Grande de São Pedro.

A importância da comunidade ultrapassou a dimensão religiosa. Com o crescimento econômico e populacional, Santo Antônio foi reconhecido, em 07 de outubro de 1809, por decreto de dom João VI, como um dos quatro primeiros municípios do Rio Grande do Sul, ao lado de Porto Alegre, Rio Grande e Rio Pardo.

Dois anos depois, em 03 de abril de 1811, ocorreu a instalação da Câmara de Vereadores, consolidando a autonomia política e administrativa.

Segundo o pesquisador e padre Ruben Neis, “a portaria do bispo criando a capela curada é o documento mais importante da história de Santo Antônio da Patrulha”.

Hoje, o município tem cerca de 43 mil habitantes (IBGE) e mantém viva sua herança religiosa e cultural. Em 2017, a Lei Municipal nº 7.952 oficializou duas datas na memória coletiva: 31 de agosto – Criação da Capela Curada; 03 de abril – Instalação do Município.

A pequena capela erguida pelo casal Inácio e Margarida transformou-se no ponto de partida da cidade. Mais que um templo religioso, foi a semente de uma comunidade que cresceu, consolidou-se e se tornou referência histórica no Rio Grande do Sul.